QUEM TEM O ZAP
O jogo de Truco é uma metáfora da vida, onde a mesma também é um jogo, agitado, com dissimulações, impulsos intempestivos, mentiras, riscos e acirradas competições. O vitorioso é quem assume uma postura de paciência, cautela e controle de suas emoções, sabendo que nem sempre os ventos lhe são favoráveis, mas que pode manejar com maestria cada passo a ser dado. Aqui vai a sua dinâmica em forma de poesia.
QUEM TEM O ZAP?
O jogo de truco tem muitas manhas.
Uma sanha de quem não se acanha.
Muito agito e altos gritos.
O apressado que confia na sua carta.
Tendo a posse de uma manilha.
Atua com picadilha.
Se assanha na artimanha.
Sem embaraço.
Gesticula o braço.
Levanta um ombro.
Sem assombro.
Com olhar e um piscar.
Um leve sorriso do dissimular.
Decidido, blefa ousado.
E aí vem o Truco a gritar.
Bate na mesa.
E sai da cadeira a intimidar.
Mas o oponente quieto, não se intimida.
Sabe que pode vir o pica-fumo.
A espadilha ou a copilha.
Então, malandramente, pede seis.
Aguarda o ingênuo que se acha esperto.
Mas o incauto não corre.
Berra alto e pede nove.
Lança a dúvida.
E a bola agora é dividida.
Se foge, perde 9.
Se encara, desmascara.
Mas como em sua mão confia.
Mostra a carta e se farta.
A berrar ladrão.
Que agora senta, lamenta e não pia.
Aprendeu a lição.
De que esperto é o desperto.
Pois, o ZAP deve estar encoberto.
Ele é o trunfo que conquista o triunfo.
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