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UM PEREGRINO DO TEMPO - Poema

Navegante solitário de um veleiro. Singrando tormentas de desconhecidos paradeiros. Tateando o vazio de escuras noites, sem atino, Não divisas montanhas ou outeiros, Jornada cega, sem curso do destino,


Ao sabor de marés oscilantes, de sopros a barlavento e sotavento, Não importa o quão for distante, Sempre volta à origem, o Porto do Provimento.


Breves bardos, estadias itinerantes, Refrigera a alma, sacia a sede, um alento, Presta contas a seu Senhor Acordante, Que o provê com o necessário suprimento, Para que cumpra outro pacto de aditamento.


Um momento da consciência conhecida, Até a hora da agendada partida.

Mas ao retornar ao mar, A jura da contraprestação é perdida, Desfaz-se a aliança, volta orgulhoso a sofismar.


Reiteradas vezes, repete o rito, Mergulhado em gélidas noites, sem abrigo, Longas vidas vividas nas dores do conflito, Autoflagelos, açoites do castigo.


Ah! Como longo e lento é o aprendizado. 700 viagens errantes de um desejo banalizado.


Depois de se fartar dos temores do fel, Saturado de viver das cobiças, agora findas, Desperta ciente para 70 novas vindas, Descobre olores, sabores, doces do mel.


E assim gradualmente por essas eras se regenera,

Turbilhões de reações, provas advindas, Quita antigas e últimas contas de amargas dívidas. Equilibra o balanço da nau de sua vida.


Ajusta as velas, arquea a envergadura, Nos últimos 7 estágios da grande rota.


Agora não mais olvida, Nem mesmo duvida,

Foi-lhe revelado o mistério por trás do véu, Navega, pois, seguindo as estrelas do céu,


Não há mais laços, amarras ou âncora, Só o frescor da leve brisa, Infla com ar a grande vela, Move ágil, flutua, desliza,

És o mestre-arrais da nave bela, Sereno segue até concluir sua jornada, A recordar de quem outrora fora.


Efêmero mortal proscrito, Viveu o adverso,

Pobre errante peregrino, Que desabrochou o coração do menino,

A cada lição, seguiu seu dharma, Até ser pleno,

Pois agora, livre dos efeitos do karma, Adentra, sábio, humilde, sereno, Ao eterno portal infinito,

Desvendou o universo, Seu nobre irradiante destino.






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