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O PLANO DA EVOLUÇÃO - Ensaio

Existe uma Lei Universal, denominada Harmonia, onde há um princípio criador, um mantenedor ou consolidador e um destruidor, entendendo-se a destruição como uma força necessária para que se estabeleça um novo ciclo, que por sua vez continua permanentemente em processo de mutabilidade.


Heráclito de Éfeso, filósofo pré-socrático, já mencionava que “Nada existe de permanente, exceto a mudança”. Assim, dentro do universo manifestado, nada está parado, tudo se movimenta dentro de uma dinâmica desenfreada, até a dissolução, para que entre em estado de repouso e depois volte a se autocriar.


Não há necessidade de ter que viver éons para saber como nasce e como morre uma galáxia, pois basta observar o nascimento e a morte de uma rosa em um jardim para imaginar como as coisas se comportam, já que o ciclo será análogo. Esse ciclo pode ser representado por uma senoide, onde existe um ato gerador de energia, em seguida um estabilizador e consolidador para, na sequência, desencadear uma ação desestabilizadora, concluindo o ciclo. Os orientais denominam essas três forças de Rajas (ação), Tamas (estabilização) e Sattva (harmonização).


Paradoxalmente a harmonização é uma força que desencadeia efeitos e por mais impactantes que sejam, levam a restauração da ordem, portanto, à harmonia pela compensação do pêndulo, até o ponto axial do movimento. Na astrologia isso é chamado de Cardinal, Fixo e Mutável, que caracterizam os signos angulares associados à iniciativa, aos sucedentes que estão associados àqueles que estabilizam e os cadentes de ajustamento e de fazer mudanças. Esse princípio que a tudo se aplica, pode ser observado nas coisas mais triviais, como o nosso andar e o nosso respirar. Por exemplo: Eu dou um passo com minha perna direita movimentando meu corpo para frente, imprimindo energia (Cardinal) até que atinja um equilíbrio de aparente inércia (Fixo), para em seguida entrar em colapso quando movimento minha perna esquerda que irá fazer a preparação para outro ciclo (Mutável). A respiração segue os mesmos passos, onde aspiramos ar puro, prendemos a respiração para oxigenar os pulmões e expiramos dióxido de carbono, dando sequência a outro ciclo.


Essas forças estão presentes em todas as Cosmogonias, representadas por nomes distintos em razão das diferentes culturas e civilizações, mas que indicam a mesma fonte do saber. Pai, Filho e Espírito Santo; Bhrama, Vishnu e Shiva; Osiris, Oros e Isis; Onipotência, Onisciência e Onipresença; ou simplesmente, Força, Energia e Matéria, podem ser associadas a essas três potências da criação. Sem querer entrar em questões de fé e religiosidade, mas ousando especular sobre a origem do universo, há ao menos um consenso entre a visão religiosa e o niilismo científico, na medida em que os dois remetem ao princípio da criação. Criado por Deus ou criado pelo Big Bang, o universo teria originado a partir da unicidade ainda que seja representada por um único e primordial átomo. Embora o Big Bang seja uma teoria, muito plausível por sinal, ele nos remete à base de todas as religiões e crenças que afirmam que todos nós somos irmãos da mesma criação e origem e, portanto, não há diferenças entre nós. E aqui, cabe uma reflexão sobre as diferenças.


Em Gênesis 1:26, é mencionado:“E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o réptil que se move sobre a terra”. A palavra “dominar” vem do termo hebraico radâ que significa “governar ou estabelecer regras”. O homem deve, então, exercer sua autoridade sobre todos os demais elementos criados por Elohim, em função de ser dotado da razão, porém não julgando como ser superior a ditar o destino de outros seres da natureza que não tenham ainda o privilégio da “razão”.


Creio que essa errônea interpretação do que vem a ser dominar, tenha reforçado ainda mais os homens em seus comportamentos, gerando toda sorte de misérias sociais e de desrespeito ao meio ambiente. Sob essa perspectiva, estamos sim irmanados com toda a criação, podendo cada ser humano vir a ser chamado de irmão, o Sol ser chamado de irmão, a Lua ser chamada de irmã, assim como os animais, os vegetais e os minerais, pois sobre esses últimos temos a responsabilidade de governá-los, não para o nosso deleite, mas sim em auxílio no desenvolvimento da consciência, cuidando-os com amor, em respeito à sacralidade da vida.


Nada possuímos de fato, pois no fim somos simples zeladores nesta casa do Senhor. Mas ainda fica a pergunta: O que existia antes da grande explosão universal ou do ato da criação? Esta é uma grande pergunta! O nada? O Tudo? O todo? Ou a simples Lei Imutável que jaz latente para um novo ciclo de manifestação, comparando a uma semente que morre e se descompõe em solo fértil, para renascer e cumprir a sua jornada em um novo ciclo de virtudes, a exalar seu perfume nos campos floridos do jardim da criação perpetuando a disseminação de novas sementes para que se cumpram outros ciclos de vida? Parece-me que assim é o Universo e assim somos nós. Foi falado da lei hermética da correspondência do que está em cima é como está embaixo e vice-versa, mas não significa que seja exatamente igual, mas sim similar, podendo ser assim representada.



Então, o imanifestado consiste no repouso absoluto e o manifestado se inicia no ponto em que cruza a linha do tempo e do espaço, onde há o processo da criação, ou do momento do despertar para um novo ciclo. O processo de Manifestação dá início à densificação da matéria, até atingir o ponto axial de seu mergulho e a partir daí retorna ao caminho de origem, rumo à dissolução, cruzando a mesma linha do tempo e do espaço.


Deus em sua potência da MÃE (Espírito Santo), ou pelo princípio da Onipresença, concebe a energia da criação, na estruturação atômica da matéria, tecendo partículas de maneira a estruturar todas as formas, criando o receptáculo à vida que por sua vez será ungida pela segunda potência divina, que é o FILHO, ou pela Onisciência, insuflando energia a toda a matéria até então em estado latente de inércia, fazendo, a partir daí, pulsar a vida. Este estado de consciência permeia tudo o que existe e há um ordenamento e hieraquia onde esse processo se multiplica, do Universo para as Galáxias e destas para os seus Sóis e destes para seus Planetas, ainda que não plasmados de forma a serem percebidos pelos nossos sentidos, pois podem ser constituídos de matérias sutis. Assim, a vida vibra em tudo.


O homem procura por vida e inteligência em outros orbes sem nada encontrar, mas seguramente elas estão presentes em tudo, incluindo o mais diminuto átomo e suas partículas subatômicas, que pulsam vida e inteligência. Dentro dessa perspectiva, a vida existe em todos os cantos, mesmo aqui junto de nós, no mesmo tempo e espaço, em planos internos, com vibrações não perceptíveis aos nossos rudimentais sentidos.


A trajetória da manifestação divina se completa quando o PAI concebe a sua centelha para as consciências que já estejam preparadas para se conduzirem dentro do caminho das escolhas individuais. Esse é o momento em que é realizada a individuação da consciência, sendo criada a Alma Humana, a qual irá se projetar em vidas sucessivas na matéria, seguindo longo período de aprendizado rumo à libertação suprema. E aí nascem os homens, os quais são dotados de razão, metaforicamente representados na Mitologia Grega, na Gênesis Bíblica e na Gosmogênese Teosófica, só para ficarmos nas tradições mais afeitas ao ocidente.


De qualquer forma, as tradições apontam para um processo onde as criaturas humanas são providas de uma “iluminação” para que sejam dotadas da capacidade de pensar, quer pelo mítico Promoteu, que ousou roubar o fogo criador do Olimpo, quer pela serpente, que vivia na árvore do conhecimento do bem e do mal e que instigou Eva a comer, junto com Adão, o fruto proibido. Estas narrativas míticas descrevem o princípio Manásico, que possibilita a individuação do verdadeiro homem, na medida em que ele passa a possuir os recursos do intelecto e com isso a fazer suas próprias escolhas, fora do paraíso celestial. Prometeu e a Serpente foram estigmatizados, passando a personificar o “Diabo”, o que não é diferente com o intelecto que demoniza o homem pelas escolhas não tão edificantes, criando a partir da inveja, a luxúria, orgulho, a cobiça, a gula, a ira e a preguiça, que são os sete pecados capitais que nascem do egoísmo. Mas, paradoxalmente, é justamente o egoísmo que faz com que os indivíduos passem a ter noção de sua individualidade, sendo necessário ao processo de evolução.


A título de comparação entre a gênesis bíblica, a cosmovisão grega, assim como a Cosmogênese Teosófica, é apresentado o quadro a seguir, indicando as similaridades entre as diferentes tradições.



O cérebro humano é constituído por três funções, como a reptiliana, a límbica e a da racionalidade que é o córtex frontal, tendo essas funções sido formadas pela hereditariedade dos corpos, na medida em que as criaturas foram evoluindo paulatinamente. A função reptiliana é responsável pelas reações relacionadas à preservação animal, como o desejo, a raiva, a agressão, materializadas pela libido e é associada à mais primitiva das funções, que é o traço da herança animal dos répteis, sendo que a mesma se conduzem por reações puramente instintivas. Já a função límbica, mais evoluída, relaciona-se às necessidades de nutrição, acolhimento, sociabilidade e proteção, associadas aos mamíferos em geral, os quais nutrem relações entre os seus afins e com outras espécies, havendo a preparação, ainda que rudimentar, para o desenvolvimento do córtex, formado quando da individuação pelo princípio manásico, ou seja, a partir da centelha divina.


O córtex é atributo somente dos humanos, que permite que estes sejam capacitados na formulação de operações com o uso do intelecto, dando-se início ao desenvolvimento do discernimento. Biologicamente o amadurecimento do córtex se sedimenta entre os 28 e 30 anos, sendo este o momento em que as pessoas passam a ter julgamentos baseados no juízo.

Esse ciclo de aproximadamente 30 anos, astrologicamente, coaduna-se com o ciclo de Saturno, que faz uma órbita completa em torno do Sol também de aproximadamente 30 anos. Nesta fase da vida, todos nós estaremos sendo confrontados pelo denominado “Retorno de Saturno”, o qual será posteriormente abordado. Aliás, a Astrologia pode dar sentidos na compreensão de todo o processo de amadurecimento tanto individual como da evolução humana. No entanto, embora seja dotado da razão, o homem continua a se comportar de forma ambígua, sendo, muitas vezes movido mais pelos apelos reptilianos e límbicos, do que pela pura razão.


Naturalmente essa abordagem do surgimento do homem considera a vertente criacionista, ainda que a vida tenha sido despertada pelo Big Bang. Isso pode levar a uma compatibilização do Criacionismo com a Teoria da Evolução das Espécies de Darwin, pois há uma relação causal evolutiva não só entre as espécies animais como entre todas as formas de vida. No entanto, creio, que o elo perdido buscado pelos evolucionistas nunca será encontrado por fósseis ou evidências materiais, pois a evolução se dá nos planos invisíveis onde se processam as migrações graduais das consciências de um reino e classes viventes para outras formas mais evoluídas. Os nossos corpos físicos, assim como dos animais, dos vegetais e dos minerais, somente abrigam transitoriamente as consciências, sendo que as mesmas vão sendo aprimoradas em novos repectáculos adequados para que sejam submetidas a experiências e novas provas. Leibniz diz “natura non facit saltus”, ou seja “a natureza não dá saltos” para mostrar que não existem gêneros ou espécies completamente isolados, mas são todos interligados e que existe um ordenamento evolutivo.


Percebe-se, assim, esse ordenamento evolutivo, onde, após a vaga de vida que desceu, depois da separação da Luz das Trevas no primeiro dia (Ideação Cósmica), vem a Criação do Céu e da Terra no segundo e no terceiro dia (Manifestação do Logos Cósmico), a Criação dos Luminares no quarto dia (Manifestação do Logos Solar), a Criação dos monstros e seres viventes no quinto dia (Evolução da vida), a Criação do Homem no Éden (Evolução do proto-homem, denominado por raça Adâmica), que se dá pela Mônada.


A doutrina espiritualista afirma que “A Alma dorme no mineral, sonha no vegetal, move-se no animal e acorda no homem", sendo que somente na condição humana a inteligência se manifesta. Esta é uma adaptação da frase de Léon Denis que escreveu que “na planta a inteligência dormita, no animal, sonha, só no homem acorda, conhece-se, possui-se e torna-se consciente”. (Denis pag. 123 - 1898). Dez anos antes, em 1888, Blavatsky escreveu, em A Doutrina Secreta - volume 2, pag. 191: “... a matéria é a "condensação" do espírito e ambos são diferentes polos de manifestação da mesma realidade subjacente. ...um dos polos é o Espírito puro, perdido no absoluto do Não-Ser, e o outro polo é a Matéria, na qual ele se condensa, "cristalizando-se" em tipos cada vez mais grosseiros, à medida que desce na manifestação."


Assim se processa a densificação, passando por planos e subplanos, partindo-se do mais elevado que é o divino, passando pelo monádico e átmico (sede da mônada e do atma, que constitui o espírito), descendo ao intuicional ou búdico (fonte da sabedoria), associando ao mental abstrato, denominado Manas (inteligência), refletindo-se no mental cognitivo (mente concreta), incorporando as emoções pela luz astral (corpo de desejos) até chegar ao corpo físico denso. Então, o verdadeiro homem, não é o seu corpo, não é o seu desejo, não é a sua mente cognitiva que reúne o seu conhecimento concreto das coisas. Todos esses corpos são transitórios e perecíveis. Ele é, antes de tudo, Manas Abstrato, o princípio humano que se projeta no mundo da forma, no tempo e no espaço, para se nutrir pelas experiências, no sentido de que possa fazer a síntese e transformar conhecimentos em sabedoria.


Pode-se fazer a seguinte indagação: Se o homem foi criado à imagem e semelhança de Deus, por qual motivo ele seria colocado em um mundo repleto de conflitos e dor? Se ele já é puro, por qual motivo ele necessita se envolver com toda sorte de impureza? Penso que a resposta mais coerente é a de que somos sim, criados na pureza da criação, mas totalmente ingênuos nas lidas com a matéria, sendo necessário que façamos as experiências no sentido de adquirirmos, pelas relações com outras pessoas, com nossos erros e acertos, a sabedoria necessária, até conquistarmos uma envergadura tal, tanto de ética e moral como de amor e compaixão. A partir dessa condição não necessitamos mais viver a transitoriedade entre vidas, pois a vida verdadeira é de outro reino. O reino do Senhor.


A Teosofia revela que todo esse processo se desenvolve dentro de determinados planetas, sendo que o nosso Sistema Solar possui sete moradas planetárias, que coabitam entre si, abrigando a evolução de almas, com corpos ainda que de matéria astral, até que essas almas, na condição de evoluídas sejam capacitadas a participar da geração de outros orbes, Sóis, Galáxias e Universos, pois essa é a Lei da Expansão e Retração eterna. Entre essas sete moradas, a nossa Terra é o quarto planeta do sistema, o mais denso de todos, estando no ponto axial do mergulho na matéria, sendo que os outros três planetas antecedentes, vamos assim simplificar, já transcenderam a forma mais densa e hoje se encontram abrigando a vida em formas mais sutis, mas ainda realizando o trabalho de colaboração com o nosso plano de evolução Solar.


Lembremos que o nosso Sistema Solar é um entre 500 bilhões só nessa Galáxia, denominada Via Láctea. Então, há muito trabalho a fazer. É sabido que o nosso Sol está no meio de sua trajetória temporal de vida, já tendo cumprido 4,5 bilhões de anos, devendo seguir por igual período até a sua extinção física, mas mantendo as suas contrapartes sutis, similares aos planos mais elevados, conforme comentado.


As contrapartes sutis não se extinguem necessariamente, ou pelo menos irão levar muitos bilhões de anos após a transformação do Sol em uma anã branca, mas antes deve expandir de maneira a engolfar todos os seus planetas em sua força transformadora, a eliminar a vida em suas formas materiais grosseiras.


Assim, o Universo, as Galáxias, Os Sóis, os Planetas, e todos os seres humanos e seres viventes animais, vegetais e minerais, têm suas contrapartes superiores, sendo visível, apenas a ponta de um grande “iceberg”, cujo grande corpo continua submerso no oceano universal da criação.


O Plano da Evolução, quer estejamos conscientes ou não da sua existência e de como o mesmo opera, está em marcha e haverá um momento de nosso despertar para que juntemos ao esforço universal, como serviçais dos SANTOS SERES.


À GLÓRIA DE DEUS E AO SERVIÇO DO REI!


O ato da criação


O Absoluto do princípio imanifesto,

Com raiz de matéria tece em turbilhão,

No átimo ato de um supremo gesto,

Transforma o nada nas vestes da criação!


Com a alquimia no éter se desenha,

A vontade, a estabilidade e a mutação;

Conjugado o divino trino se ordena,

Dando tônica ao comportamento da ação.


Destes três atributos o mundo se fez

E, da fôrma dos rudimentos combinados,

Resultam os quatros elementos agraciados.


Terra, Fogo, Água, Ar matizam como normas

Distintos temperamentos aos viventes,

Plasmando arquétipos no mundo das formas.





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