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DEIXAR DE SER PARA SER - Poema

DEIXAR DE SER PARA SER

Antonio C Jorge


Oh! Que tempos são esses?

Passados, Presentes, Futuros.

Cessados, Emergentes, Vindouros.

Subjetivos estados dos seres.


Não existe o passado que já passou.

Não há o futuro. Não chegou.

O que dizer do presente que achegou

Mas de tão volátil, não durou?


Perpétua ilusão!


É permanecer na impermanência

É dividir o indivisível.

É inexistir na real existência.


Mas na dicotomia da dualidade.

A transitória ambigüidade.

O inexiste, existe.

Na conciliatória reciprocidade.


O paradoxo consiste e coexiste.

O estar em ser é um grande presente.

A ser desembrulhado no estado presente.


Atirado em desespero.

Como surfista passageiro.

Lançado aos mares oscilantes.

Por ondas errantes é engolfado.


De fato, não é a onda que o afoga.

É a infeliz escolha libertina.

Que afronta a lei que governa

o movimento do oceano.


A lei da retribuição não predestina.

É um eterno fluxo e refluxo que aflora.


Concilia o todo avençado.

Cumpre o seu derradeiro fado.

Desperta das amarras de Cronos.


Renasce definitivamente.

Para a permanência.

Alia-se ao indivisível.

Na realeza da existência.


Oh! Que tempos são esses?

Que o ser

Tem que deixar de ser

para SER!


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O surfista não desafia as ondas revoltas.

Ele não vai contra elas.

Ele vai sempre aos seus encontros,

Calmamente flutua,

com movimentos de equilíbrio de fusão e harmonia.






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