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FLASHES DA MINHA INFÂNCIA E A REVELAÇÃO DE NOSSA SENHORA EM MINHA VIDA - Memórias e Reflexões


FLASHES DA MINHA INFÂNCIA E A REVELAÇÃO DE NOSSA SENHORA EM MINHA VIDA Memórias e Reflexões


Há aproximadamente 60 anos atrás, lá pelos primeiros anos dourados da década de 60, quando tinha uns dez ou onze anos de idade, eu vivia em um paraíso terrestre no litoral sul de São Paulo. Um lugarejo que era ainda uma vila, chamado Mongaguá (água pegajosa em Tupi Guarani).


Em 1958, meu pai havia assumido a direção da escola estadual e para lá nós nos mudamos. Meu pai Celso, minha mãe Margarida e meu único irmão José Moacir, 4 anos mais velho.


Lá passei a segunda fase de minha infância, até os 15 anos, infância repleta de aventuras que são os sonhos de toda criança desta idade.


Minha indumentária diária, excetuando o uniforme escolar que era simplesmente tirado e jogado sobre a cama no momento em que pisava em minha casa, era o surrado calção de banho de brim de algodão costurado pela minha mãe, um par de sandálias que eram ainda de palha, pois as de borracha havaianas somente foram lançadas em 1962 e um simples boné. Nada mais. Sem camisa mesmo, Como índios que éramos, assim nos vestíamos.


Logo depois do almoço, saía correndo para encontrar com os dois melhores amigos, cuja amizade foi duradoura, até a idade adulta aqui pelas bandas da capital de São Paulo. Chiquitin e Sidney que sempre estavam de prontidão para sairmos sem destino pelo nosso mundo.


Nada mais do que isso era necessário para viver nossos sonhos.


Brinquedos? Para quê? Pois tínhamos a natureza para ser descoberta como um jogo de lego a ser montado e desmontado seguindo nossas próprias leis e limites.


Chiquitin era filho caçula dos saudosos Seu Salvador e Dona Julia, casal de espanhóis que antes de chegarem ao Brasil viveram os horrores da guerra civil espanhola e da segunda grande guerra. Ela refugiada em Londres e ele oficial da resistência francesa, depois do final da guerra casaram-se em Paris e tiveram o primogênito nascido lá e batizado na Catedral de Notre Dame, sendo que o chamávamos simplesmente de Francês. Já o Chiquitin, nascido no Brasil, foi assim apelidado por sua mãe, pois era o pequeno da casa.


Dona Julia, além de ser uma pessoa doce, gostava de nos contar suas histórias vividas nesta triste fase da Europa, até por que eram fatos recentes em sua memória.


Pessoalmente apreciava muito, pois o que ela falava, em espanhol mesmo, fazia com que a ouvisse com muita atenção, pois as narrativas por mais que fossem tristes eram ao mesmo tempo belas. Histórias de superação e de amor.

Isso me cativava e fazia com que viajasse a cada história contada, transportando-me para aquelas terras distantes da chamada Europa.


Sidney era filho do Seu Romeo e de Dona Emília e moravam em uma ampla casa junto à antiga Estrada de Ferro Sorocabana, já que seu pai era o chefe da estação de trem.


Tanto os pais do Chiquitin e do Sidney eram amigos de meus pais, sendo que as casas deles eram também as minhas, já que gozávamos da liberdade e do carinho de ambas mães dos amigos.


Aliás, Mongaguá nesta época era somente acessada ou por via férrea, com locomotivas a vapor e caldeiras alimentadas a carvão, ou pela linha do precário ônibus que fazia o percurso pela praia já que não havia estradas. Isso quando a maré permitia. Era realmente uma aventura só para chegar na vila.


Além das obrigações diárias da escola, que eram aborrecidas, e do prazeroso compromisso das sessões do cinema, nossa fonte de inspiração, o restante dos dias eram simplesmente reservados para não fazer nada.


Ou fazer tudo o que nossa imaginação permitisse.


Éramos livres para nos aventurarmos naquele grande playground natural oferecido pelas doces praias, pelos rios e pela inóspita Serra do Mar, que abrigava onças, jaguatiricas e um sem-número de serpentes venenosas ou não, como a caninana, que chegávamos até a brincar com algumas quando as achávamos. .


Em um determinado dia decidíamos escalar desfiladeiros, já que a Serra do Mar se precipita junto à cidade, com encostas de uns 400 a 500 metros de altura.


Realmente nos arriscávamos sem qualquer proteção, mas no fim sempre fomos amparados pela Providência e para o desespero, creio, de nossos anjos da guarda, já que tinham tarefas redobradas todas as tardes.


Em outro dia íamos navegar em pirogas à remo (canoa indígena cavada em tronco de árvore) pelo rio Aguapeú e seus complexos canais naturais que formam um grande banhado de pântanos que escondem muitos bagres, cobras d´água e jacarés de papo amarelo, típicos da região da mata atlântica. E nós, armados somente pelo espírito de aventura.


Ainda estão fixadas em minha memória as imagens das extensas plantações nativas de juncos, a tremularem como ondas ao sabor dos ventos. Os mesmos ventos que nos aliviavam do torturante calor que sempre abatia sobre a região.


Com certa indolência para grandes caminhadas, um outro dia simplesmente nos banhávamos nas cristalinas águas do Poço das Antas, que era uma piscina natural de uso exclusivo nosso, já que pertencia a uma fazenda de acesso restrito, mas como éramos conhecidos dos administradores não havia nenhuma objeção em utilizarmos o local como se fossemos os verdadeiros donos.


Outras vezes, quando a preguiça dos três garotos caiçaras batia fundo, ficávamos nos banhando nas águas turvas e quentes do rio Mongaguá mesmo, que apesar das constantes advertências de nossas mães sobre o perigo de contrairmos algum tipo de doença, pois as águas não eram exatamente puras, insistíamos em desobedecê-las.

E assim ficávamos de "lama" até o pescoço.


Foi num desses dias, chafurdando na lama em busca de uns pitus que apalpando a mão encontrei uma bela medalhinha da Nossa Senhora Aparecida. Fato raro, pois o que se espera encontrar no fundo da margem do um rio além de lodo, pedras e pitus? Nossa Senhora parece que veio ao encontro de minha mão.


Tão logo a recuperei a olhei com ar inocente, admirado pela peça reluzente que se estampava sob meu olhar e logo me veio a indagação de como isso poderia acontecer e o que eu faria com ela.


Como ela foi parar naquele local? Alguém a perdeu? Alguém a jogou ao rio? Foi um pedido cumprido? Sei lá. Não importa. Ela estava lá. Em minhas mãos.


Depois de pensar alguns minutos em uma mistura de temor e amor pela Santa, de forma resoluta a devolvi jogando-A novamente ao rio, acreditando que lá era o seu lugar e não tinha talvez o mérito necessário para o achado.


Confesso que esse meu ato me perseguiu durante muitos anos, pois me indagava de quais realmente foram os motivos que me levaram devolvê-La ao rio.


Ela poderia ser mantida em alguma correntinha, levando-a para o resto da vida como recordação do ocorrido. Ou usando como um talismã já que era somente uma simples imagem cunhada em metal barato.


Mas não!.


Depois de muita reflexão, creio que agi por instinto infantil que protege os inocentes.


A descoberta da Nossa Senhora não estava naquela medalha, mas sim no significado do ocorrido.


É esse o momento em que Ela se revelou em meu coração.


A importância não está no objeto, mas sim no significado do momento, pois esse fato permaneceu vivo em minha memória e sempre está a guiar os meus passos diante das adversidades da vida.


Abençoados sejam aqueles que devotam veneração por Aquela que é a Mãe das Mães, que sofreu todas as dores e que nunca nos abandona, pois sempre estará diante de cada um de nós nos amparando com seu amor.


Não importa o nome pela qual Ela se revela. Se é Guadalupe, Achiropita, do Rosário, do Pilar, do Perpétuo Socorro, da Piedade, dos Navegantes, Desatadora dos Nós, dos Remédios, de Lourdes, de Fátima, da Conceição ou Medjugorje.

Simplesmente é Maria, a Nossa Senhora Aparecida, nossa Amada Mãe, Nossa Rainha do Brasil.


Abençoada seja, em especial a que apareceu nas turvas águas da vida.


E que assim seja !!!


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O dia em que os homens estiverem com seus corações abertos para esse princípio, a humanidade passará para outro estágio, onde a legítima fé poderá ressignificar a vida, dando outros contornos àquilo que é efetivamente essencial.


Cada ataque que a Santa sofre, é um ato contra o Espírito Santo, que é o princípio da Onipresença. É triste ver quanto a humanidade a ignora, com suas mentes eclipsadas por pré-conceitos culturais e religiosos, que fazem com que se aviltem o sagrado.


NOTRE DAME


Notre Dame!

Nossa Senhora,

Rogo agora,

Derrame sua Luz ao infame.


Da sombra que a ignora,

que atiça fogo, brame.

Insano senso que devora.

Por um terror que inflame.


Notre Dame!

Nossa Senhora,

Rogo a Ti.

Paz ao Mundo, sem demora,


Notre Dame!

Livre-nos das dores,

das trevas, dos temores,


Notre Dame!

Suplico que nos ame e nos abençoe!

Nossa mãe! És o Espírito Santo,


Ampare-nos com seu sagrado manto,

Aqui nos tristes vales desta hora.







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