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A CHAVE MESTRA - DE ONDE VIEMOS E PARA ONDE VAMOS - Ensaio


Se existe uma coisa comum que une boa parte dos seres é o total desconhecimento de quem de fato somos nós, de onde viemos e o que fazemos aqui neste planeta inserido em um universo imenso, onde não somos capazes de imaginar a sua dimensão e quantas moradas existem.


A partir das fotos produzidas pelo telescópio Hubble, foi desvendado o contorno do universo que nos deixa estupefatos, pois são miríades as formações, entre planetas, estrelas, constelações, nebulosas, galáxias, quasares. Com suas potentes lentes, o Hubble alcança corpos distantes com mais de 13,8 bilhões de anos-luz e já descortinou boa parte do universo, mas continua a avançar sondando outros tantos corpos localizados a bilhões de anos-luz na medida em que suas lentes vão sendo aprimoradas. Estima-se que há mais de dois trilhões de galáxias as quais se agrupam seguindo um ordenamento de aglomerados, superaglomerados, superaglomerados de superaglomerados e assim sucessivamente, a compor o universo observável.


Uma galáxia é um conjunto de corpos de estrelas que se agrupam normalmente em braços espiralados, a girar em torno de um núcleo, numa dança permanente. O nosso Sol, que é uma estrela pequena comparada a outras de dimensões gigantescas, está inserido no braço de Órion, que é um dos que compõem a nossa galáxia, que é denominada Via Láctea. Estima-se que a nossa Via Láctea possua uma soma aproximada de 500 bilhões de estrelas similares ao nosso Sol, sendo que a maior parte não possui planetas. A soma de todas as estrelas do universo resulta em um número indizível (chamado de google) e a NASA já chegou a conjecturar que a quantidade de sóis existentes no universo é tão grande quanto a soma de todos os grãos de areia de todas as praias do nosso planeta Terra. Se o nosso Sol é apenas um grão de areia “perdido” no espaço sideral, o que dizer de um planeta que tem uma importância cósmica de menor magnitude e o que dizer de nós seres humanos?


Aí, vem à reflexão de como podemos continuar com nossos egos inflados e autocentrados em nossos quereres e desejos, achando-nos o centro de todas as coisas, a procurar o exercício do poder e do domínio das coisas e das pessoas? Tanto o planeta Terra como nós próprios temos uma importância muito relativa perante esse oceano da criação. Naturalmente, somos muito mais do que simples corpos físicos, com uma aparência, cor, etnia, nome e sexo, com aglomerados de células organizadas para cumprirem funções específicas. Seguramente somos muito mais do que uma mera causalidade, fortuitamente produzida por códigos genéticos e de DNA. Parece existir um padrão que rege o cosmo universal, sendo que somos símiles do macrocosmo o que nos remete à segunda lei de Hermes, quando ele trata da Lei da Correspondência, no O Caibalion, onde afirma que "O que está em cima é como o que está embaixo. E o que está embaixo é como o que está em cima".


Mas até agora essa reflexão nos remete às questões relacionadas à anatomia dos corpos, como eles são constituídos em termos de massa, como se movimentam, assim como algumas questões relacionadas à fisiologia. A anatomia humana já é profundamente conhecida e agora a anatomia dos corpos celestes vai sendo aos poucos sendo catalogadas, com o estudo da composição química dos astros pela luz espectral emitida, mesmo partidas a bilhões de anos-luz passados. A fisiologia humana, enquanto a funcionalidade dos órgãos, já é matéria de domínio da ciência, mas pouco se sabe ainda, cientificamente, sobre a fisiologia da alma, assim como a fisiologia dos corpos celestes, sendo esse um saber a ser desvendado pela humanidade que ocorrerá no seu devido tempo, quando o homem tiver condições morais para tal.


Parece-me que pouco se sabe o que reside em nosso interior, quanto as nossas reais motivações e desígnios, que nos colocam em permanente condição de reféns do mundo, mesmo para aqueles que já se encontram no caminho da espiritualidade e têm uma condição de compreensão. O apelo para possuirmos bens e posses ou simplesmente gozarmos dos prazeres hedônicos, faz com que estejamos com nossas forças direcionadas a objetivos que nos desviam de nossa real identidade, do vir a ser, tornando-nos simples viajantes sem rumo, desperdiçando oportunidades, conforme Sêneca afirmava que “Quando se navega sem destino, nenhum vento é favorável”.


No entanto, conhecer o porto de nosso destino requer também que tenhamos que conhecer algo sobre o nosso passado, assim como a nossa estrutura pessoal enquanto almas humanas, os nossos defeitos e as qualidades que vão se constituir no instrumental de navegação a nosso dispor para que façamos a viagem de maneira mais efetiva e criativa. Conhecer a nós mesmos é a grande chave-mestra que abrirá o nosso universo interior.


É certo que a humanidade em sua expressiva maioria, não tem outras preocupações que não sejam a de satisfazer suas necessidades fisiológicas, de segurança, associativas e de pertencimento, cabendo a poucos ousarem na busca da autorrealização, conforme nos ensina Maslow em sua pirâmide das necessidades.


Mas não importa o estágio em que cada um de nós nos encontramos, pois chegará, cedo ou tarde, o momento crucial onde seremos confrontados com nossas sombras, fazendo-nos despertar. Embora a nossa percepção não se dê conta disso, somos muito mais do que imaginamos. Nós podemos ser apenas uma poeira, mas mesmo um grão "perdido em insignificância" pode se tornar de grande fulgor quando reflete a luz do Sol Criador.


Somos estrelas!








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