11/09/2011 - UM DIA MÁGICO - Crônica
FATO OCORRIDO 10 ANOS APÓS O ATAQUE ÀS TORRES GÊMEAS
Enquanto a mídia não cansava de nos lembrar os horrores do ocorrido há dez anos, fazendo contaminar mentes e corações com profunda tristeza e nutrindo rancores entre os homens, alguns pequenos eventos são capazes de nos mostrar que existe esperança na construção de um mundo melhor.
Estávamos em meu pequeno sítio, no interior de São Paulo, recém chegados da Capital, ocasião em que o almoço estava para ser servido. Neste momento adentra pela janela da copa uma ave e pousa nos ombros de minha mãe.
Acreditem, era um filhote de papagaio ou maritaca, não sei bem, pois são muito parecidos.
A docilidade do animal logo encantou a todos, pois tomou conta da casa, procurando comer alguns grãos de ervilha que minha mãe estava a debulhar.
Ofereci-lhe meia banana sendo que ele (ou ela) logo aceitou e a comeu avidamente, mas não devia estar com muita fome, pois não quis a outra metade.
Parece que ele realmente queria era confraternizar, pois mesmo depois de sentarmos à mesa para o almoço, ele nos fazia companhia, andando sobre o encosto das cadeiras e sobre nossos ombros, tornando-se difícil em fazermos a refeição com tranqüilidade, mesmo porque o Nicolau estava aflito com a presença do invasor.
Ah! O Nicolau é um Pug de minha filha, mas que sempre está em nossa companhia, motivo de muita felicidade para todos nós.
Após o almoço sentei-me no sofá e lá ele estava pedindo carícias, demonstrando tratar de uma ave domesticada, embora ainda jovem.
Não recusei afeto e entre um cafuné e outro, a ave se tornava mais chegada, como se tivéssemos um laço de confiança nutrida há algum tempo.
Só podia ser de alguém, pelo seu comportamento amistoso.
Devia ter fugido para a tristeza de seu dono e logo começamos a imaginar o que faríamos com ela. Cogitou-se até de levarmos para São Paulo, comunicarmos ao IBAMA, sei lá o que fazer, pois essas coisas trazem grande complicação.
Após duas horas, aproximadamente, já começando a nos preocupar o que faríamos, mas também gostando da idéia de ter mais um bicho agregado em nossa família, o pequeno papagaio da mesma forma que entrou, saiu, e para nossa surpresa ele foi se encontrar, pasmem!, com sua família, composta por mais cinco exemplares adultos.
Não se tratava de uma ave de cativeiro, mas sim nascido na natureza e por razões que o próprio coração desconhece, resolveu fazer o que muitos “humanos” têm grande dificuldade de fazer - a amizade - demonstrando ser possível a convivência pacífica não só entre homens como dos homens para com todos os animais.
Sabemos que os animais, no processo de sua evolução, dependem não só de nossa proteção como também da compreensão de que eles são nossos irmãos menores e que não estão para nos servir, mas para viver a comunhão da vida.
Esse foi um dia mágico. Um dia daqueles que carregaremos para sempre na memória de nossas vidas.
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